quarta-feira, 22 de abril de 2015

Lyon

A viagem para Lyon começou com a compra das passagens de trem de Strasbourg para cá. Compramos com muita antecedência, para aproveitar as ofertas, mas tivemos problemas com a autorização do cartão de crédito. Tivemos que trocar emails com o pessoal da SNCF e, no final, tudo se resolveu.
Pouco antes de viajar, pesquisando, encontrei o Lyon Card. Compramos o de 2 dias, que inclui transporte público liberado (metrô, tram, funicular), passeio de barco e uma visita guiada, a escolher. Com um desconto promocional, saiu 28,80 euros para cada um, com retirada no escritório de turismo de lá.
Chegamos aqui na sexta, 15h30, com chuva. Ainda bem que o hotel é próximo da estação de trem, embora nem tanto como o de Strasbourg. Demos uma volta pela região e voltamos pro hotel para descansar. Jantamos no restaurante do hotel, muito bom, por sinal.
No outro dia, sábado, fomos buscar o Lyon Card, na Presq'île (península). Tudo certo, aproveitamos para reservar uma visita guiada a pé. Chegando lá, ainda era cedo e fomos procurar uma bebida quente, pois ainda estava frio. Havia um protesto bem barulhento contra o TAFTA (tratado de livre comércio entre EUA e UE). Foi difícil descobrir se eles eram contra ou a favor do tratado, pois os cartazes tinham frases pro, mas bem agressivas. Os manifestantes também estavam vestidos de empresários. Uma senhora nos deu uma explicação e entendemos um pouco.


Chegou a guia e juntou o grupo que já aguardava. Em pouco tempo já estávamos ouvindo a história da Croix-Rousse e da praça onde estávamos, dedicada a J.M.Jacquard, o inventor de uma máquina de tecelagem semi-automática, tido como um precursor da informática. Ela nos mostrou os prédios onde os tecelões trabalhavam e contou a história de como as condições de trabalho levaram a várias revoltas.
Conforme ela ia contando, íamos descendo escadas e ladeiras. A Croix-Rousse fica numa colina. De repente, ela abriu uma porta e entramos no pátio de um edifício, era o primeiro "traboule" pelo qual passamos. Esses traboules são atalhos criados pelo povo, passando por dentro de prédios, descendo escadas, passando por ruelas. Pelo que entendi, existe uma norma que os condôminos devem deixar a porta aberta até determinado horário e podem tranca-la à noite. O munícipio ajuda na limpeza do lugar.


Ao final da visita, paramos em um atelier de estamparia em seda. A guia se despediu e nos deixou lá, com o próprio artesão contando sobre o seu trabalho. Ele estava fazendo a estampa em lenços quadrados de seda, com um desenho inspirado em quadros de Toulouse-Lautrec. A explicação era cheia de detalhes, mas eu entendi melhor a guia do que ele. Finalmente, a fome bateu e saímos para procurar um local para almoçar. Achamos ali pertinho, na praça onde fica o Museu de Belas Artes.

Comemos um belo hambúrguer e moules e frites, acompanhados de um bom vinho.

Em seguida, decidimos ir conhecer Vieux Lyon, a cidade velha. Seguimos a pé até lá, foi só atravessar a ponte sobre o rio Sahône. A cidade velha é linda, toda com aparência medieval, cheia de coisas interessantes para ver. Passamos na frente de um museu, o Museu de Miniaturas e Cinema e achamos interessante. Resolvemos entrar, usando o Lyon Card. Foi ótimo, o museu é muito interessante, principalmente para quem gosta de cinema e de efeitos especiais. A primeira parte do museu é dedicada ao filme "O Perfume". Os cenários do filme foram remontados no museu, com incrível precisão de detalhes.


O que eu gostei também nesse museu é que há salas com uma cortina na porta e um aviso de que crianças e pessoas sensíveis não devem entrar. Não são muitas salas assim, mas as que têm a cortina devem mesmo ser evitadas por crianças.

Tem muita coisa no museu, cenários, máscaras, bonecos, objetos de cena como jornais falsos e o próprio tablete de chocolate Wonka, do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolate". No final vimos a mãe Alien, com a mecanização recuperada pelos especialistas do museu. Esse trabalho ainda está em processo de execução, mas já dá um medinho e a sala tem a devida cortina.


Saímos de lá para pegar o Funicular em direção à colina de Fourvíère, onde fica a Basílica da cidade. Havia um aviso que um funicular não estava funcionando e fomos ao escritório de turismo, logo ao lado, perguntar como subir. A atendente esclareceu que era outro funicular que estava em reparos e fomos em frente. O trenzinho é bem pequeno e brincamos que era uma criança quem dirigia, uma moça bem novinha. O trajeto também é pequeno e passa por um túnel, ou seja, nada de grandes vistas no funicular.

Saindo da estação lá em cima, damos de cara com a Basílica, enorme. Entramos e ficamos encantados, é uma das igrejas mais bonitas que já vimos, cheia de grandes painéis de mosaico e muito dourado.

Ao lado da igreja fica o local onde se tem uma linda vista da cidade, onde tiramos algumas fotos. Visitamos o Jardim do Rosário, logo abaixo, e fomos descendo, descendo, e quando vimos já estávamos começando a descer por uma escada bem comprida.

Lá embaixo, de volta a Vieux Lyon, sentamos um pouco para descansar e um carro todo enfeitado parou uns metros à nossa frente. Era um casal de noivos que iam tirar fotos.

Andamos de volta ao hotel, não sem antes parar em uma boulangerie para tomar um chá e um café e comer uma bela torta de maçã. Jantamos no hotel de novo.

No dia seguinte, domingo, amanheceu chovendo. Tomamos o café da manhã no hotel, onde houve um problema com uma hóspede que teve sua bolsa roubada. Ficamos inquietos e tristes com o problema dela, mas ela estava acompanhada de uma amiga, que lhe deu apoio. Saímos com a intenção de ir ao Museu de Belas Artes, pois a chuva já havia passado e só tinha ficado muito frio.

Não andamos muito antes de eu pedir para voltar ao hotel, pois meu estômago doía muito. Tenho gastrite e tenho que controlar a alimentação, o que não tinha feito nos últimos dias. Tomei um remédio e deitei um pouco. Uma hora depois já estávamos na rua, mais agasalhados e com outro projeto, visitar o Museu Galo-Romano, na colina de Fourvière. Fomos de metrô desta vez, para me poupar. O Lyon Card compreende também os bilhetes de metrô. Fizemos as baldeações e chegamos ao funicular. Perguntamos onde ficava o museu e fomos em frente. Chegando perto já vimos as ruínas do anfiteatro, enorme. Há muitas ruínas e fomos passeando por elas e descendo até o palco do anfiteatro.


Quando fomos ver onde era a entrada do museu, adivinhem, era lá em cima e lá vamos nós subir tudo de novo. Entramos no museu e adoramos as peças e uma animação de uma maquete que demonstra como a cidade foi ocupada, desde o tempo dos romanos. No final da exposição ainda tinha uma reprodução de como funcionavam as cortinas do anfiteatro, uma máquina muito engenhosa, que podíamos colocar para funcionar.

De lá voltamos para perto do hotel de metrô e almoçamos no Shopping próximo, no restaurante Hippopotamus. Interessante é que só o cinema e os restaurantes maiores funcionam aos domingos. Lojas e quiosques menores, tudo fechado.

À noite fomos ao jogo Lyon x St.Etienne com uma chuva leve e super agasalhados, pois estava bem frio. Ganhamos bandeirinhas do Lyon na entrada e fomos procurar nossos lugares, que eram os últimos disponíveis quando compramos. Estes deviam ser os piores lugares do estádio e ainda estavam molhados, embora a cobertura chegasse até lá. Na hora que chegamos o segurança sugeriu que pegássemos o jornal do jogo para poder sentar e deu certo. Estávamos na altura do campo e vimos de perto o primeiro gol do Lyon. É muito legal ver a torcida organizada se manifestar o tempo todo, e mesmo a torcida de onde estávamos não parava um minuto de torcer. Um menino de uns 10 anos, logo atrás da gente, sabia o nome de todos os jogadores e foi o mais indignado com a expulsão de um jogador do Lyon dizendo "arbitre de merde", nem precisa traduzir...

No final do jogo, saímos junto com a multidão em direção ao metrô. Eu tinha certeza que não ia dar certo aquele povo todo querendo pegar o trem, mas, por incrível que pareça, deu tudo certo. Não tinha bem uma fila, mas um bololô separado por cordas, andando em direção às catracas. Lá no final um segurança liberava a entrada de tempos em tempos e pegamos o metrô depois de uns 20 minutos.


No dia seguinte, fomos ao Museu de Belas Artes, cujo pátio estava repleto de gente almoçando e aproveitando a beleza do lugar. Visitamos a coleção de antiguidades do Egito e Grécia e a grande coleção de pinturas, inclusive de impressionistas.


Depois fomos passear nas margens do rio Sahone, onde tinha muita gente passeando e andando de skate.


 

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